Por não haver exames que confirmem o transtorno do espectro autista (TEA) – por exemplo, ressonância, tomografia, eletroencefalograma – o diagnóstico dessa condição pode se tornar desafiador em boa parte dos casos. Esse é um dos motivos pelos quais o diagnóstico do TEA costuma demorar para algumas crianças, ocorrendo em média somente aos 5 anos de idade no Brasil.
De maneira inversa, algumas vezes, os pais reclamam que o diagnóstico foi concluído muito rapidamente, com uma “olhada rápida” na criança durante a consulta, dando a impressão de ser “apenas uma opinião” do profissional. Não é incomum procurarem uma segunda opinião e o segundo profissional de saúde discordar do diagnóstico, o que acaba gerando ainda mais insegurança nos pais.
Como então identificar de forma mais objetiva e confiável possível uma condição comportamental para a qual não existem exames?
Uso de escalas diagnósticas
Uma alternativa a essa falta de objetividade foi a criação das escalas diagnósticas, validadas cientificamente. Existem poucos instrumentos de avaliação de TEA usados na prática clínica no Brasil. Os instrumentos mais usados mundialmente, ADOS-2 e ADI-R, não estão disponíveis para uso em nosso meio por falta de validação no nosso país, apesar de serem utilizados por alguns profissionais.
A Escala LABIRINTO é um instrumento que permite identificar grupos mais amplos de sintomas, ao invés de apenas verificar a gravidade, permitindo, portanto, a pesquisa de condições associadas (por exemplo, epilepsia, hiperatividade, compulsividade, restrição a mudanças) e tornando mais específico o encaminhamento terapêutico após o diagnóstico. A intenção é identificar as esferas psíquicas que precisam de tratamento e aquelas que estão mais preservadas. A avaliação identifica sintomas comportamentais que possam indicar possíveis doenças associadas.
Como é a aplicação da escala LABIRINTO?
O primeiro passo é conhecer a criança. Nesse primeiro momento, é coletada toda sua história médica, desde a gravidez, parto, até o desenvolvimento atual. Um histórico dos pais e familiares também é de suma importância. Também já se investigam as queixas apresentadas pelos cuidadores – por exemplo, atraso na fala, alterações no sono, dificuldades para se alimentar, agressividade, qualidade do relacionamento com familiares e outras pessoas, etc.
Então parte-se para a aplicação da escala propriamente dita. São propostos jogos e brincadeiras com a criança com o objetivo de avaliar se a resposta é a esperada para uma criança com ou sem autismo. Todos os comportamentos observados são traduzidos em números que serão calculados na escala.
São avaliados a interação social, comunicação verbal, comunicação não-verbal além de comportamento rígido e gestos repetitivos. Em outro momento, avalia-se pontos como cognição, irritabilidade, impulsividade, hiperatividade, agressividade, comportamento compulsivo ou obsessivo, dentre várias outras condições.
Quanto tempo leva para avaliar todos esses pontos?
A duração total do exame difere a depender da colaboração da criança, podendo chegar a uma ou até a duas horas no total. É interessante que a criança esteja tranquila para aproveitar bem toda a avaliação.
Pode ser realizada para qualquer idade?
Até o presente momento, a escala LABIRINTO está disponível a aplicação para crianças de 2 a 4 anos e 11 meses, com possibilidade de outras faixas de idade serem acrescentadas à medida que as pesquisas forem realizadas com crianças mais velhas.